Ciência vs. fé: a lua causa controvérsia no Paquistão

O Paquistão propôs implementar um calendário lunar, desencadeando a ira dos clérigos que tinham a tarefa de estipular certas datas com uma técnica de observar a Lua a olho nu.

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Ciência vs. fé: a lua causa controvérsia no Paquistão

Um conflito entre ciência e religião despertou outra controvérsia no Paquistão, quando o governo busca implementar seu primeiro calendário lunar.

O Paquistão lançou no domingo seu site oficial para observar a lua e o calendário lunar pelos próximos cinco anos, marcando os meses islâmicos e ocasiões especiais, como o início do Ramadã, Eid al-Fitr e Eid al-Adha.

"Este é o primeiro site oficial do país que marca os importantes festivais religiosos nos próximos cinco anos", disse a repórteres Fawad Hussain Chaudhry, o ministro de Ciência e Tecnologia de Islamabad.

O objetivo da medida é pôr fim à controvérsia gerada pela observação da Lua no país, para a qual vários clérigos lutam para ser relevantes.

O Paquistão tem um comitê de Ruet-e-Hilal (observação da Lua) composto por vários estudiosos religiosos. O órgão formado em 1974 foi responsável por anunciar festivais religiosos baseados em testemunhas de todo o país que haviam avistado a lua.

No entanto, ao longo dos anos, um clérigo com base em Peshawar, capital da província de Khyber Pakhtunjuá, começou a se opor ao comitê anunciando o início do Ramadã e do Eid um dia antes.

Este ano, o comitê da mesquita Qasim Ali Khan, um grupo de clérigos com sede em Peshawar, anunciou o início do Ramadã em 6 de maio, enquanto o resto do país anunciou em 7 de maio.

Chaudhry enfrenta a ira dos clérigos religiosos associados ao comitê de observação da Lua.

Mufti Muneeb-ur-Rehman, presidente do Comitê Ruet-e-Hilal, rejeitou a decisão de usar o calendário lunar predeterminado.

Em uma mensagem no Facebook, Rehman anunciou que seguirá a Sharia (lei islâmica) e observará a Lua a olho nu.

"Aqueles que não estão familiarizados com questões religiosas complexas não devem comentar sobre elas", acrescentou o religioso.

No entanto, o público apreciou o esforço do governo para resolver a controvérsia que durou uma década.

"Aprecio os esforços do governo, mas deveria se criar um consenso entre os eruditos religiosos e resolver a controvérsia sobre o avistamento da lua para sempre", disse Zahid Shah, um estudante universitário em Peshawar.

Muitos países de maioria muçulmana, incluindo os Emirados Árabes Unidos e a Turquia, seguem um calendário lunar predeterminado para celebrar feriados religiosos e festivais.



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