Especialistas da ONU pedem à Venezuela medidas concretas para acabar com a crise humanitária
Os relatores de direitos humanos também instaram os Estados Unidos a suspender imediatamente as sanções econômicas, argumentando que agravam o sofrimento do povo.
AA - Um grupo de especialistas da ONU convocou a Venezuela na quarta-feira para detalhar seus planos de lidar com os efeitos devastadores da crise econômica sobre os direitos humanos.
Os relatores também instaram os Estados Unidos a suspender imediatamente as sanções econômicas contra o governo Maduro, pois consideram que exacerbam o sofrimento do povo deste país sul-americano.
O grupo é composto pelo relator especial sobre pobreza extrema e direitos humanos, Olivier De Schutter; seu colega sobre os direitos à água e ao saneamento, Léo Heller, e o relator especial sobre o direito à educação, Koumbou Boly Barry.
"Estamos profundamente preocupados com a espiral da crise econômica e com o efeito que ela teve sobre a capacidade das pessoas de sobreviver da noite para o dia", disseram especialistas em comunicado.
"O governo deve explicar imediatamente como planeja apoiar o povo, muitos dos quais estão à beira da sobrevivência", acrescentaram os relatores, referindo-se a Nicolás Maduro e seu gabinete.
Especialistas alertaram que o sistema de saúde do país sul-americano está em colapso e muitos hospitais estão lutando para funcionar sem serviços confiáveis de eletricidade ou mesmo sem água corrente.
“Os hospitais estão relatando uma escassez de suprimentos médicos, equipamentos de proteção e medicamentos. Dado o sério impacto da pandemia do COVID-19 nas pessoas de baixa renda, mesmo nos países mais ricos, isso é alarmante", disseram os relatores.
A declaração também pede ao governo que garanta que as pessoas tenham o apoio necessário para praticar com segurança o distanciamento social.
Outro problema é a falta de comida. Especialistas observaram que o Programa Mundial de Alimentos da ONU estima que um terço da população sofre com a falta de alimentos.
Outra causa de alarme são os relatos de que jornalistas, advogados e trabalhadores médicos foram retaliados e até detidos por levantarem preocupações sobre as condições no país. "Qualquer pessoa arbitrariamente detida deve ser libertada imediatamente, e o governo deve investigar essas alegações", disseram eles.
“Não há dúvida de que o governo enfrenta inúmeros desafios neste momento, mas os direitos humanos não podem ser suspensos. Mesmo em um momento como esse, o governo continua tendo a obrigação de proteger os direitos básicos das pessoas", concluíram os especialistas.