Brasil: Câmara começa debate do impeachment

A câmara abriu um debate de três dias para a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff sob a acusação de violar as leis de orçamento e a votação para impeachment acontecerá no domingo.

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Brasil: Câmara começa debate do impeachment

O governo perdeu a sua última possibilidade de escapar da votação quando seu pedido para interrupção foi rejeitado pelo Supremo Tribunal.

Rousseff é acusada de manipular contas de orçamento em 2014 para garantir a sua reeleição.

Ela rejeitou veementemente a acusação e planejava apelar para brasileiros em um discurso televisionado na sexta-feira noite. Mas a líder cada vez mais isolada cancelou a transmissão depois que um partido de oposição buscou uma liminar para bloquear o discurso, argumentando que ela estaria injustamente usando recursos do Estado brasileiro para se defender.

A polícia reforçou a segurança na capital brasileira, onde uma cerca de metal de 1 km de comprimento foi colocada na grama da Esplanada em frente ao Congresso para evitar confrontos entre manifestantes rivais, que são esperados no fim de semana.

No Rio de Janeiro, a polícia disse que pretende formar um cordão de isolamento em frente à avenida da praia de Copacabana para separar a multidão pró-impeachment de apoiantes de Rousseff.

A Rede Globo, a maior rede de TV do país, planeja transmitir a votação no domingo do começo ao fim, com início às 14.00 (1700 GMT), o que analistas dizem que adicionará pressão sobre os legisladores a votar a favor do impeachment. As pesquisas mostram que cerca de dois terços dos brasileiros apoiam o impeachment de Rousseff.

Como congressistas da oposição pediram a expulsão de Rousseff, o procurador-geral José Eduardo Cardozo se dirigiu ao Congresso em defesa da presidente, chamando o processo de impeachment de um "ato de violência sem igual contra a democracia."

Se o impeachment for aprovado pela câmara, o Senado deve, então, votar sobre ir em frente com a colocação de Rousseff em julgamento por desobedecer leis orçamentárias.

Se o Senado aprovar o julgamento, em uma votação que acontecerá no dia 11 de maio, Rousseff seria automaticamente suspensa e substituída pelo vice-presidente Michel Temer.

Temer, que serviria para o mandato de Rousseff até 2018, se ela for deposta pelo Senado, tem pouco apoio popular. Ele teria de enfrentar uma tarefa difícil de restaurar a confiança, em um país onde dezenas de líderes políticos, incluindo seus colaboradores mais próximos, estão sob investigação por corrupção. Eduardo Cunha, que seria o próximo na fila para assumir a presidência após Temer, também está entre os investigados.


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