Oposição do Sudão recusa a data limite para que os militares entreguem o poder

A oposição sudanesa recusou uma proposta da União Africana (UA), avançada na Cimeira do Cairo, que dava ao Conselho de Transição Militar no Sudão (CTM) que governa o país, o prazo de 3 meses para entregar o poder a uma autoridade civil.

“Na Cimeira do Cairo, o prazo anterior da UA para passar o poder a um governo civil, foi alargado de 15 dias para 3 meses” – afirmou Bassam Radi, o porta voz da presidência da UA, através de um comunicado. Radi assegurou também que os representantes do Sudão que participaram na cimeira, indicaram que um prazo de 15 dias seria “insuficiente”.

No entanto, os líderes da oposição recusaram esta proposta numa conferência na qual participaram representantes da Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA) - uma associação de sindicatos do país que tem liderado os protestos contra o CTM – e também a Força de Consenso Nacional (FCN), uma coligação de partidos políticos da oposição, para além de outras organizações da sociedade civil.

“Nós não pedimos que o exército assumisse o poder, nós pedimos que apoiassem as pessoas” – afirmou Omar al-Dequir, um porta voz da oposição – logo após o derrube do presidente Omar al-Bashir por parte do exército sudanês, no dia 11 de abril. Bashir foi retirado do poder à força após 30 anos na liderança do país, depois de protestos populares contra o seu governo.

Quatro dias depois, o Conselho de Paz e Segurança da UA deu aos novos governantes militares do Sudão 15 dias para entregarem o poder a uma autoridade civil, sob pena de perderem o seu lugar na organização pan-africana.

Por seu lado, o CTM anunciou que 3 dos seus membros, o tenente general Jalal al-Deen al-Sheikh, o tenente general da policía Al-Tayeb Babakr e o tenente general Omar Zain al-Abideen, renunciaram aos seus cargos no conselho.