O que é partilhar a vida?

Uma pequena criança, enquanto partilhava o doner e o ayran que tinha na sua mão, estava a partilhar a sua comida com outro ser e a oferecer-lhe também uma vida.

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O que é partilhar a vida?

Uma partilha feita nos últimos dias no Twitter tocou-me bastante. Um vídeo de 30 segundos mostra o processo de ganhar a vida de um cão de rua, que está prestes a morrer. No vídeo mostra-se como se oferece uma vida a um “ser”. Uma pequena criança, enquanto partilhava o doner e o ayran que tinha na sua mão, estava a partilhar a sua comida com outro ser e a oferecer-lhe também uma vida.

Isto não era um vídeo. No cinema turco e no cinema mundial, há numerosos exemplos que se parecem com este vídeo. Infelizmente, estes inumeráveis exemplos são cada vez mais raros nas relações atuais entre os estados. Há inclusivamente países cujas políticas têm como objetivo estreitar o campo de vida dos países considerados rivais.

Sobretudo os aliados ocidentais da Turquia, transformaram num acontecimento normal esta abordagem problemática como uma política estatal aberta.

É muito estranho, que o mundo ocidental tenha usado em todos os meios escritos e visuais a foto do bebé Aylan – que perdeu a vida nas águas frias do Mediterrâneo – quando procurava uma vida nova para se salvar dos massacres na Síria. Este caso foi falado na televisão durante dias. “Decorou” as capas das revistas e as primeiras páginas dos jornais.

Pensamos que se a foto do bebé Aylan tivesse de facto um lugar, em vez de apenas decorar as montras da imprensa ocidental, manter-se-ia fiel ao Tratado de Devolução de Imigrantes e Readmissão, celebrado entre a UE e a Turquia, e que deveria ter entrado em vigor no passado mês de outubro. Abriria o seu coração e as fronteiras das suas terras, não apenas nas montras dos meios de comunicação aos quase 4 milhões de imigrantes que vivem em território turco.

Infelizmente, a política dos Estados Unidos – que se consideram a si mesmos como o berço da democracia e como os representantes da democracia avançada – não puderam ser firmes perante a onda racista em crescimento dentro das suas próprias fronteiras, e mostraram a sua incompetência ao não cumprirem com os requisitos dos acordos internacionais que assinam.

O racismo da Europa, em crescimento por causa desta postura ambivalente, dentro de algum tempo irá mostrar-se a si mesmo nas ruas enquanto sistema de violência.

Por este motivo, durante a 62ª reunião da Assembleia da NATO que teve lugar em Istambul, o presidente Recep Tayyip Erdogan chamou a atenção para este assunto. Erdogan deu ênfase ao facto da onda de terrorismo lhes ser devolvida como um boomerang, no caso dos estados fortes não terem sucesso em partilhar a vida com as pessoas fracas.

O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan, tem muita razão sobre este assunto. Para além do racismo em crescimento, sobretudo a Turquia, do Afeganistão até à Síria, os líderes de muitas organizações terroristas vivem nos países comunitários e no norte da Europa. Estão nos países comunitários os quartéis de organizações terroristas como o PKK, o DHKP-C, o MLKP, e a FETO / PDY – que mataram milhares de soldados, polícias, políticos, civis, religiosos, homens de negócios, mulheres, crianças, idosos e muitos animais.

A totalidade dos cabecilhas da Organização Terrorista Gulenista, a Estrutura do Estado Paralelo (FETO / PDY) e o Osama Bin Laden da Turquia, vivem no Ocidente e sob a proteção dos estados ocidentais. Penduram-se no Parlamento Europeu os cartazes de Abdullah Ocalan, o famoso cabecilha do PKK que matou crianças – e cujo nome e posto ainda não foi reconhecido como organização terrorista pelos Estados Unidos.

Os oficiais terroristas pertencentes à FETO – que matou centenas de cidadãos civis turcos e feriu milhares de outros durante a intentona golpista do 15 de julho de 2 016 – vivem tranquilamente nos países da Europa com proteção estatal.

É muito interessante ver como a UE e a Europa do norte se comportam de forma tão generosa ao dar uma vida aos terroristas. Porque é que são então tão sovinas para com as mulheres, civis, crianças e idosos que não qualquer objetivo para além de se manterem vivos? É a Europa que fomenta a entrada dos terroristas nos seus países por vias ilegais e que os hospeda nos palácios dos seus presidentes. Porque é que permitem que se afoguem os imigrantes nas águas frias do Mediterrâneo e do Egeu?

A UE dá todo o tipo de ajudas ao PYD – a organização terrorista síria – e mais uma vez, segundo as investigações levadas a cabo pelas instituições de Direitos Humanos Europeus, fez um massacre e arrastou centenas de milhares de pessoas para fora das suas terras. Além disso, enquanto lhes oferece a vida mais luxuosa nas cidades bonitas. Porque é que vira as costas aos imigrantes cujo único objetivo é viver?

Mas nestes dias a pergunta que mais preocupa é esta: Enquanto Samuel Hungtington escreveu a tese do Choque de Civilizações no início da década de 90, alguma vez se considerou que a civilização ocidental poderá cometer suicídio combatendo-se a sim mesma?

Os direitos da mulher, os direitos das crianças e os direitos dos indivíduos foram os valores que transformaram a Europa num centro de atração. Agora, a mesma Europa não rejeita as suas próprias teses de civilização ao associar-se com organizações terroristas como o PKK e o PYD, que viola e sequestra as crianças pequenas, usando-as como escravas sexuais na organização e que leva crianças de 13 e 14 anos pela força das armas?

Como se deve interpretar a transformação num centro de atração através dos meios de comunicação das mesmas organizações terroristas sobre esta relação?

As novas gerações de uma Europa que combate contra os seus próprios valores, poderá digerir esta contradição? Os sociólogos europeus, porque não fazem sobre a juventude europeia, que está à beira do terrorismo, o mesmo trabalho que fazem nas terras da Ásia, África e do leste?

Uma criança de 15 anos, estava ajoelhada diante de um cão que não podia andar, e partilhou com ele o doner que estava a comer. Depois, abriu a boca do animal com a sua própria mão, e deu-lhe uma gota de ayran e um pedaço de doner, dando ao animal a alegria da vida. A Europa, os sociólogos europeus da ciência social e os políticos, sobretudo as suas próprias novas gerações, e depois os 3-4 milhões de imigrantes, são incapazes de partilhar um pedaço de pão e uma gota de vida?



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